16 de junho de 2008

Quadrado

Cá está ele preso, sem poder fazer nada, imerso no frio e num labirinto de idéias. Não sabe o que fazer, não sabe como foi parar lá. Com a mente perturbada, levanta-se sobre o concreto gelado e gasto. Seus olhos procuram à luz, suas mãos, uma guia. Ambas buscas em vão. Por um instante desequilibra-se e cai deitado sobre a pedra, machuca-se.

Tem medo da escuridão, desconhece o que existe a sua volta. Talvez seja noite, mas esperar o incomoda, seu instinto deixa-o inquieto. Encontrar a saída é o objetivo, mas como?

Aos poucos se ajoelha, logo começa a engatinhar com leves movimentos com as mãos, que procuram o caminho. Percebe que está sobre um quadrado elevado de um provável chão, o qual não consegue alcançar.

Não sabe mais o que fazer. Ficar onde está ou desvendar a escuridão abaixo dele? Decidir deixa-o mais nervoso. Tenta criar mais opções, que não existem.

Finalmente resolve. Apóia-se numa das arestas, procura equilibrar-se enquanto coloca suas pernas para baixo. Descuida-se, tão logo percebe, aterrorizado, que está seguro apenas por uma das mãos. Nesse mínimo instante arrepende-se, mas já é tarde. Sua força não o agüenta, começa a cair enquanto seu corpo contrai-se à espera do impacto, que nunca encontrará.

(José Arnaldo)

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